Thursday, March 22, 2007

Dia Mundial da Árvore e da Floresta -


A importância de ser Àrvore

Desde muito cedo na história do Homem que a floresta apresenta uma grande ligação com o nosso imaginário, como morada das fadas e dos elfos, de bestas imaginárias e animais selvagens reais, local de armadilhas e pilhagens por parte de ladrões e salteadores, em súmula, como um local de grande mistério e de rara beleza.

Para muitos povos, culturas e religiões, a árvore foi no passado um símbolo místico, que representava a capacidade de renascer. Por exemplo, no centro dos jardins celestes descritos pelo Corão ergue-se a árvore celeste (a Tuba); os índios da América executavam os seus rituais mais carismáticos em torno de uma árvore; foi sob um baniane, o Bo sagrado, a árvore da vida, que Buda atingiu a iluminação por estar em contacto com o eixo do mundo e entre os Egípcios, o deus da vegetação, Osíris, ressuscitaria primeiro no seio de um abeto antes de recuperar o seu corpo carnal.

Provavelmente, as primeiras comemorações que se aproximam do actual Dia mundial da Árvore começaram com os Romanos, uma vez que estes tinham o hábito de enfeitar com fitas de lã e grinaldas de violetas um pinheiro abatido, a fim de celebrar o mito do pastor Átis e da deusa asiática da fertilidade, Cibele.

Hoje em dia, as comemorações do Dia da Árvore revestem-se muito mais de carácter ambiental, do medo de perdermos as nossas florestas e de tudo o que de bom advém das mesmas, como podemos constatar das iniciativas realizadas em Portugal ao longo dos anos, no âmbito do Dia mundial da Árvore, tais como:

2003
· Exposição no pavilhão do Complexo Desportivo de Óbidos dos trabalhos de alunos das escolas e jardins de infância do concelho resultantes do concurso “As Árvores da Minha Terra” (fotografia e expressão livre), divulgando o património arbóreo das suas localidades.
· Reciclagem do papel, enchimento de pinhas com comida para pássaros e sua colocação nos arbustos da escola e construção de papelões para distribuir pela escola, organizado pelo Clube do Ambiente da Escola Secundária de Vilela, contando com a participação de várias turmas do Ensino Básico.
· Construção de um espantalho, por parte de escolas do 1º Ciclo, Jardins de Infância, Instituições Particulares e com a colaboração da Câmara Municipal da Guarda. Os Espantalhos, associados à agricultura, protegem as sementeiras e os plantios das mais diversas espécies de aves. Feitos de materiais velhos já sem uso para os agricultores, palha e com muita imaginação, são elementos decorativos que podem ocupar um lugar nos espaços das cidades.
· Foto-Paper da árvore, realizado no Parque das Nações, pelo Programa Educação: Festa da Primavera.
· Execução de uma árvore em madeira para afixação de mensagens e recolha de poesias sobre a árvore, iniciativas promovidas pelo Instituto Vasco da Gama (Santiago da Guarda, Ansião).

2004
§ Concurso de fotografia subordinado ao tema "Eu e a Floresta", para todas as idades e organizado pela FENAFLORESTA – Federação Nacional das Cooperativas de Produtores Florestais; todas as fotografias foram expostas na Feira Nacional de Agricultura (Santarém), em Junho.
§ Plantação na Candosa (Vila Nova do Ceira) de aceres, cerejeiras bravas e tílias, entre as crianças da escola de Vila Nova do Ceira, ficando cada criança responsável pela árvore que irá plantar e etiquetar; iniciativa promovida pela Cooperativa de Vila Nova do Ceira, em colaboração com a autarquia. Esta responsabilização individual permitiu, para além de uma efectiva aprendizagem, uma maior preocupação de cada criança por uma árvore específica e a satisfação e identificação pessoal pelo contributo no embelezamento da sua zona habitacional.
§ Distribuição gratuita de árvores a quem passe pela Cooperativa Agrícola de Felgueiras e plantação de árvores.
§ Acções de sensibilização em várias escolas do 1º ciclo do ensino básico localizadas em freguesias rurais mais susceptíveis aos fogos, promovidas pela Direcção Geral de Florestas. Na campanha “Eu sou amigo da floresta” eram explicitadas as funções da Guarda Florestal e apresentados os principais agentes agressores da floresta, tais como o corte excessivo de árvores, a destruição do montado de sobro e azinho e, com particular ênfase, o fogo.

2005
§ Expo-Florestal, em Albergaria-a-Velha, onde esteve presente a FENAFLORESTA, à semelhança de anos anteriores.
§ Na área plantada de 2004, as crianças das escolas do primeiro ciclo da Freguesia de Margaride efectuaram uma retancha (substituição de árvores mortas no 1º ano após a sua plantação), com o apoio da Cooperativa Felgueiras, que também entregou gratuitamente árvores a quem passou pela Cooperativa.
§ Criação de um parque de lazer na zona da Candosa onde foram plantadas em 2004 as árvores no âmbito do Dia Mundial da Árvore: plantação de arbustos pelos alunos da escola de Vila Nova do Ceira, colocação de mesas e bancos pela autarquia (zona de merendas) e afixação à entrada do parque do circuito deste, identificando o nome de cada uma das árvores plantadas e do aluno que as plantou e que ficou responsável pela sua manutenção.

Estas e outras iniciativas levadas a cabo um pouco por todo o país demonstram inequivocamente que as árvores são veículos privilegiados para a transmissão de mensagens de preservação do ambiente. Todos conhecem a árvore abrigo, da chuva, do sol, do vento, como também conhecem a árvore oxigénio, a árvore paisagem, a árvore de fruto, da mobília ou da rolha de cortiça. No entanto, não nos podemos esquecer de todas as outras funções que as árvores desempenham sozinhas ou em grupo, permitindo uma melhoria da qualidade de vida dos ecossistemas.

Embora a mensagem de preservação das árvores pelo ambiente passe para as camadas mais jovens, o ambiente per si não constitui fonte de preocupação para a maioria das pessoas de gerações mais velhas. Estas gerações ainda não compreendem o papel primordial que as árvores assumem para o Homem.

Para as gerações mais velhas há preocupações mais importantes a considerar, como as doenças ou o ter uma boa casa. O que essas gerações não sabem ou não entendem é que a preservação da floresta poderá constituir uma solução para muitos desses males. Não esqueçamos que são essas gerações que recorrem a “mezinhas” tradicionais, confiando em produtos vindos da floresta para curar esta ou aquela maleita.

Para além da produção de alimento e dos bons momentos de convívio familiar e social que proporciona, através da observação de aves, da caça cinegética ou das caminhadas e piqueniques, a floresta devidamente gerida e ordenada é fundamental para o controlo de cheias, para a purificação dos solos, águas e ar (fixação de carbono e libertação de oxigénio), para a redução da erosão e para o suporte de uma grande diversidade de espécies animais e vegetais alimentares e medicinais. Algumas destas funções ainda não estão bem assimiladas na nossa sociedade embora sejam essas que contribuem para a qualidade do ar que respiramos, da água que bebemos ou do solo em que plantamos.

O controlo de cheias pela existência de árvores bem geridas minimiza a erosão dos solos e evita impactes não só sobre os animais e plantas como também sobre as construções humanas e sobre a propagação de doenças pela água, como a cólera. As árvores no seu todo e em singular asseguram o nosso bem estar físico e psicológico, contribuindo para a minimização dos efeitos de desastres naturais, como as inundações ou os deslizamentos de terra.

Em Portugal, ainda faz falta apostar na educação pró-activa não só para crianças, mas especialmente para a população mais velha sobre as funções da árvore e da floresta e sobre o nosso contributo possível na preservação dessas entidades de suporte.

Mais (in)formação, desenvolvida de uma forma continuada e persistente, junto de diversos públicos-alvo, incutindo um sentido de responsabilidade partilhada no destino da própria comunidade, tem que ser encarada como uma aposta de longa duração, como tudo o que tem que ser feito e pensado na floresta: a longo prazo e com muita sustentabilidade.

Fonte: texto de Cátia Rosas e Sara Pereira (Departamento Técnico da CONFAGRI). Para mais informações consultar o site www.confagri.pt


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